O QUE É UM MONÓLOGO INTERIOR?
18/10/2023PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO NO TEATRO
01/11/2023Claro, é infinitas possibilidades no mundo da atuação. Pessoas diferentes recomendam caminhos diferentes. Dependendo da peça, é outro caminho também… e assim por diante. O que é claro é o resultado esperado independente do caminho, uma ótima atuação.
Embora você possa não concordar com tudo o que vou falar, são técnicas que vale a pena entender e experimentar, pois ajudarão a enriquecer sua compreensão de seu ofício.
Costumamos estudar muitos caminhos, e particularmente, não conheço nenhum ator que segue um caminho único, apenas uma técnica, claro que existem caminhos dominantes, mas sempre temos uma misturinha de coisas no momento de executar a ação.
Conforme os atores vão conhecendo as possibilidades, vão se ajustando ao que mais funcionam para si. E quanto mais conhecemos, mais nos adaptamos a cada trabalho e diretor.
Aqui não vou falar de um pensamento em específico, de uma metodologia, dramaturgo, e sim técnicas que são ecoadas por vários teóricos.
1- Objetivo
Sempre saiba o que seu personagem quer. Quando você sabe o que seu personagem quer, você luta por isso. E quando você luta contra outro ator – com seu próprio objetivo envolvendo você – você cria o conflito que é a essência de todo drama.
As pessoas são movidas pelo desejo: desejos ou necessidades que nos levam à ação e nos levam a fazer algo. Você desejava aprender sobre técnicas de atuação, então pesquisou e começou a ler este artigo. Seu desejo o empurrou para a ação e essa ação o trouxe até aqui.
Embora, na vida, nossos desejos e necessidades possam ser mundanos ou desinteressantes, as histórias são construídas sobre desejos que criam conflitos, buscas, revelações ou redenção. Os desejos dos personagens são a razão da história existir.
No mundo da atuação, esse desejo é chamado de objetivo . É o que seu personagem deseja em um determinado momento. Você pode ter grandes desejos que ocupam todo o arco do personagem (um superobjetivo ) ou pequenos desejos que podem durar apenas uma linha ou duas. Mas você sempre deve ter um. Ser capaz de identificar e perseguir seu objetivo a qualquer momento é provavelmente a técnica mais importante que você pode aprender.
2- Ação
Você tem um objetivo, agora… como você vai conseguir isso?
Para isso é necessário experimentar algumas táticas. Por exemplo, você tem como objetivo entrar em um relacionamento, sua ação para isso pode ser entrar em redes sociais de relacionamento, sair para conhecer pessoas, até mesmo manipular alguém (que horror… que seja apenas no teatro).
Sendo assim, não estamos apenas seguindo um objetivo, estamos decidindo como vamos perseguí-lo. E esse “como” vai fazer com que o público conheça e entenda nosso personagem.
3- Imaginação
Desenvolver a imaginação é fundamental para o ator, para aperfeiçoar isso, sempre utilizamos a palavra “se”. Se eu fosse, se eu fizesse, e se…?
Essa palavrinha acompanha muito a técnica de Stanislavski.
“Se” é a chave para a imaginação. Perguntar a si mesmo como você agiria/sentiria/se comportaria/reagiria se estivesse na situação do personagem é o primeiro passo para incorporar totalmente um personagem e seus arredores.
4- Segmentação
Pensar sobre o que você está falando.
Por exemplo, se eu perguntar qual foi a última coisa que comeu. Você visualiza aquilo que comeu, se bobear lembra-se inclusive do sabor e/ou cheiro, ou quem sabe a emoção que estava sentindo.
Quando atuamos, preenchemos essas imagens em nossas mentes. Se o personagem fala sobre algum acidente de carro, transformamos isso em imagem em nossa mente.
5- Vida
Precisamos saber as opiniões de nossos personagens sobre todos e tudo ao seu redor. Precisamos testemunhar que eles escolheram dizer as palavras que dizem, entendendo que há ainda mais palavras que decidiram não dizer.
Vou dar 4 exeplos de caminhos sore esse passo: o monólogo interno (nosso artigo anterior a este), recordação emocional (entender e retratar as emoções que o personagem pode experimentar em situações particulares), o Método de Strasberg (a personificação completa e sustentada do personagem para primeiro entender como eles reagem ao mundo antes de descobrir como eles reagem em uma cena), a análise ativa (improvisações para buscar as motivações internas do personagem sem os limites do roteiro).
6- Estar presente
Quando lemos um roteiro pela primeira vez, temos um impulso imediato de como ele deve ser interpretado. Ao lermos as falas pela primeira vez em voz alta, elas inevitavelmente caem planas e não como imaginávamos, porque a informação não é mais nova e sabemos como a cena avança. Sair dessa situação é de extrema importância para uma performance totalmente corporificada.
Quantas vezes já perguntei para os meus alunos se eles ouviram o que o outro falou ou se só estavam esperando a deixa pra falar.
Aprenda suas falas, mas não seu desempenho. Mantenha-se aberto para jogar e ajustar no dia. Quanto mais opções você considerar, mais estará pronto para enfrentar o que quer que lancem contra você.
7- Ritmo
Muitas vezes esquecemos como atores que fazemos parte de uma história. Não prestar atenção à estrutura pode significar que não apenas perdemos oportunidades de demonstrar o alcance, mas corremos o risco de perder totalmente o objetivo ou o fluxo da cena.
Usar o conhecimento de ritmo para dividir o roteiro em momentos de ação, tópicos ou energia é uma ótima maneira de garantir que estamos servindo à jornada dos personagens na cena. Marcar alterações de ritmo pode ajudar a identificar quando novas informações aparecem na cena. Isso pode auxiliar para não cairmos na mesmice durante a peça toda… Temos altos e baixos de energia de acordo com a cena.
8- De fora pra dentro
Às vezes, somos alimentado por impulsos criativos; a imaginação permite que a gente esteja incorporado e presente. Não precisamos nos preocupar com nada porque o lado artístico está cuidando de tudo.
Mas então, depois de alguns dias, tudo isso deixa de fluir e tudo parece uma rea só. E infelizmente (nessa situação), você terá outra apresentação, e deve entregar. Sem nada a que recorrer, será um trabalho ruim: cheio de emoção forçada e artificial.
A atuação “de dentro para fora” (atuação em que a energia física e vocal é influenciada por estímulos psicológicos internos e depois colocada pra fora) é ótima, mas às vezes não o levará até lá. Felizmente, há uma série de técnicas relacionadas à abordagem oposta ‘de fora para dentro’ (quer você esteja “sentindo” internamente ou não, o resultado externo ainda aparecerá incorporado, verdadeiro e real).
No final das contas, a única pessoa que precisa realmente sentir alguma coisa é o público.
Só para citar alguns nomes… Laban (meu xodozinho) tem um grande trabalho sobre gestos psicológicos, movimentos que transmitem e às vezes induzem um determinado estado de ser, como fez o praticante russo Vsevolod Meyerhold . Stanislavski falou sobre mover o corpo e a mente seguirá – na verdade, a última metade de sua carreira foi dedicada a essa prática, como se para equilibrar suas metodologias de dentro para fora que lhe trouxeram fama e reconhecimento.
9- Respiração
Apesar de muitos atores não darem muito importância a isso (infelizmente), a respiração é a chave para a performance, é uma das divisões mais importantes entre bons e maus atores.
Bons atores permitem que a atuação afete sua respiração, ou que sua respiração afete sua atuação. Os maus atores ignoram ou não investigam como a cena afetaria sua respiração, ou prendem a respiração para tentar segurar qualquer emoção que esteja passando.
Emoção é respiração. O riso é a respiração interrompida, da mesma forma que o choro. Quando ficamos chocados, inspiramos bruscamente. Quando estamos em pânico, nossa taxa de respiração aumenta. Quando estamos com dor, somos instruídos a respirar através dela. Desaceleramos deliberadamente nossa respiração para tentar nos acalmar. Quando vemos algo ou experimentamos algo incrível, chamamos isso de ‘de tirar o fôlego’.
Muitas das abordagens ‘de fora para dentro’ lidam com padrões respiratórios, mas TODOS os treinadores de voz – e quase todos os teóricos de teatro – falam sobre a importância da respiração.
É uma coisa difícil de dominar, porque é em grande parte subconsciente. Mas é exatamente isso que toda atuação é: uma busca consciente de tudo o que geralmente fica no subconsciente, a fim de replicar ou reproduzir a vida real.
10- Corpo neutro
A importância do corpo físico e como ele age e reage com o texto é conhecida há muito tempo. Aumentar a capacidade do seu corpo para fazer isso trará ganhos imediatos à sua atuação.
Quando utilizamos o termo corpo neutro, a resposta imediata dos atores é que neutro é ruim! Neutro é vazio de qualquer coisa! Não é isso.
Pense nisso como uma tela em branco. A partir daqui, tudo é possível. Assim que colocamos uma marca nele, ele se torna uma imagem. Podemos explorar isso (e devemos), mas se quisermos pintar outra coisa, não importa o que desenhamos, terá como pano de fundo essa marca. No entanto, se você pintar tudo de branco, essa imagem desaparece. Agora tudo é possível novamente.
O corpo neutro é sobre garantir que seu corpo esteja livre para reagir no momento sem que as inseguranças físicas, hábitos do ator atrapalhem. É garantir que seu corpo esteja em constante estado de fluxo e tenha permissão para reagir continuamente livremente ao mundo exterior.
Permitir que seu corpo volte ao neutro é uma parte importante disso. É uma habilidade que deve ser desenvolvida. Praticar o retorno ao neutro (lembre-se de que estou falando sobre o SEU neutro, afinal você é você mesmo) permite que seu corpo fique livre para se envolver com o próximo momento. Quando não estamos em neutro, ou não voltamos ao neutro, permitimos que momentos anteriores contagiem nosso corpo subconscientemente, e muitas vezes esses elementos físicos não estão sincronizados com o que estamos dizendo e o que estamos querendo transmitir. Os braços estão cruzados porque o ator não sabe o que fazer com as mãos mesmo quando o personagem está tentando ser amigável. Tensão aumentada durante um monólogo de ‘reclamação’, mesmo que o personagem esteja relaxando.
Laban (sim, vou colocar ele de novo aqui), Stanislavski , Michael Chekov, Strasberg e praticamente todos os teóricos falam sobre a construção de caráter ou emoção a partir do corpo neutro.
🎭 Escola de Teatro Juliana Leite 🎭
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